Sem verdades absolutas, sem opinião absoluta

“Eu apresento a partir de agora, para não perder o meu jeito afirmativo, este jeito que só tem a ver mediada e involuntariamente com a contradição e a crítica, as três tarefas em virtude das quais se precisa de educadores. Tem-se de aprender a ver, tem-se de aprender a pensar, tem-se de aprender a falar e escrever: o alvo em todas as três é uma cultura nobre. – Aprender a ver: acostumar os olhos à quietude, à paciência, a aguardar atentamente as coisas; protelar os juízos, aprender a circundar e envolver o caso singular por todos os lados. Esta é a primeira preparação para a espiritualidade: não reagir imediatamente a um estímulo, mas saber acolher os instintos que entravam e isolam. Aprender a ver, assim como eu o entendo, é quase isso que o modo de falar não-filosófico chama de a vontade forte: o essencial nisso é precisamente o fato de poder não “querer”, de poder suspender a decisão. Toda ação sem espiritualidade, bem como toda vulgaridade repousa sobre a incapacidade de sustentar uma oposição a um estímulo – o “precisa-se reagir” segue-se a cada impulso. Em muitos casos, uma tal necessidade já é prova de um caráter doentio, de decadência, de um sintoma de esgotamento. – Quase tudo que a rudeza não-filosófica denomina com o nome de “vício” é meramente aquela incapacidade fisiológica de não reagir. Uma aplicação do ter-aprendido-a-ver: à medida que nos tornamos um destes que aprende, nos tornamos em geral lentos, desconfiados e resistentes. Deixa-se inicialmente advir todo tipo de coisa estranha e nova com uma quietude hostil – se retirará a mão daí. O ter todas as portas abertas, o deitar de bruços submisso diante de todo e qualquer pequeno fato, o inserir-se e o lançar-se sempre pronto para o salto no diverso, em resumo a célebre ‘objetividade moderna’ é de mau gosto, é não-nobre par excellence.”

Essa é parte do capítulo 9 do crepúsculo dos ídolos, de Nietzche. Segundo esse ponto de vista não precisamos tomar partido de tudo o tempo todo automática e imediatamente. Temos o direito e o dever de bem refletir sobre nossa ideologia e é sensato abrir mão de seus antigos pensamentos quando você encontra algo que considera melhor. Manter a mente aberta é essencial pra sermos cada vez melhores e reconhecer nossos erros é o primeiro passo pra que isso aconteça. Não há nada de errado, por exemplo, com o homem de Deus que escolher a ciência e do cientista que se voltar a Deus. Sua mente é particular por um motivo. O direito de mudar a sua mentalidade é inerente. Como um grupo pode achar que tem autoridade sobre o seu pensamento e suas atitudes (ou de qualquer um que seja)? Sua alma nunca pertenceu a qualquer luta, ela é sua pra fazer o que quiser. Protestantes radicais estão levando a ideologia deles infantilmente como se tudo fosse uma guerra e as pessoas fossem obrigadas a escolher lados quando movimentos sociais supostamente deviam servir pra nos trazer equilíbrio e não essa guerra imbecil. Minha opinião? Com muito orgulho sento em cima do muro e me entretenho com as discussões imbecis e pequenas que vejo. Pessoas tentando defender seu EGO com a desculpa que estão defendendo sua ideologia.

Eu escolho o lado do bom senso, o lado dos que enxergam que tem coisas muito maiores pra serem conquistadas agora do que discussões de facebook. Essas pessoas que acalmem seus egos e tenham um pouco de humildade. Coisa que o amor nos permite fazer, ter humildade. A maior nobreza que um ser humano pode ter é ser humilde e altruísta. Muitas pessoas nem sabem do que estão falando, simplesmente se prendem em uma ideologia como se elas limitassem a sua identidade a esse estereótipo. Tentar caber em um estereótipo para achar uma identidade é tentar ter identidade não tendo uma. Identidade é sobre individualidade. Eu vejo em toda parte pessoas exibindo etiquetas com orgulho. “Feminista”, “Esquerda”, “Reaça”. Por favor, que ridículo. Pessoas são muito mais do que isso. Pois eles que usem as etiquetas que quiserem, não saiam empurrando as etiquetas deles pra cima dos outros.

Nós nascemos tão livres e então somos moldados para sermos estúpidos. Estúpido é aquele que se deixa moldar. Que deixa um estereótipo tomar conta de sua identidade. Que seguem a risca os arquétipos que preferirem. Ridículo, risível, digno de pena. Estou falando de uma massa. De pessoas que seguem a corrente, de pessoas que se limitam. Sob minha ótica vocês não devem fidelidade a ideologia nenhuma! Você deve fidelidade a si mesmo e aos que você ama. Você deve fidelidade a pessoas que quer por perto, não a uma ideologia ridícula que você nem mesmo se permite questionar, e aceita como um dogma colocando-a acima de todas as verdades. E que nunca fez merda nenhuma por você.  Quão melhor você é que um cristão fervoroso (se você o crítica) agora? Entrando nessa questão, deixa eu dar um toque. Como seres humanos ninguém aqui é melhor que ninguém, estamos em posição de igualdade. Tentar se considerar melhor é alimentar seu ego, algo que vai lhe tornar um inútil para a humanidade e para seu próprio crescimento pessoal. Comece a questionar seus pensamentos, comece a questionar todas as informações que recebe, inclusive o que você está lendo agora. Não confie em nenhuma informação sem escrutinar ela com a sua própria mente antes. Pare de tirar suas filosofias da cabeça dos outros, pare pra pensar o que quer dizer cada palavra que você solta. Tente ficar uma semana sem usar jargões e palavras de efeito.

Entenda que a sua existência causa SIM efeitos e entenda que o efeito que você está causando pode ser vergonhoso.

Expanda essa cabeça e veja a situação de fora, veja o plano maior, veja o entorno, não só onde está o foco.

Todos querendo discutir quem tem a melhor ideologia, quem é mais inteligente, quem é o melhor político. Por favor, parem. Eles valem toda essa luta mesmo? Todos podem trabalhar juntos em prol de algo maior ao invés de ficar correndo atrás do seu ego como um cão corre atrás da própria cauda. Deixe seu ego de lado, aprenda a rir de si mesmo, seja humilde pra admitir suas falhas, só assim você pode ser melhor. O único ato prático e real que podemos fazer pra melhorar o mundo é melhorarmos a nós mesmos.

Mas claro, isso é um ponto de vista. Sem verdades absolutas.

 

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“Você e seu ego”